O papel social do Coach
Segundo o dicionário Merriam-Webster o Coach é definido como: “A person who teaches and trains the members of a sports team and makes decisions about how the team plays during games” – “Uma pessoa que ensina e treina membros de um time esportivo e toma decisões sobre como o time jogará durante os jogos”; parece fácil? Vamos entender um pouco melhor sobre o que realmente faz um Coach ou Treinador.
Quando eu penso em um exemplo de treinador logo me vem à mente Mickey, o treinador do Rocky Balboa, um dos mais determinados jogadores vistos nos últimos tempos. Tirando o fato de ele ser um personagem fictício (porém muito inspirador), sem o apoio e as orientações do Mickey, Rocky não conseguiria tanto fôlego e, muitas vezes, poderia nem ter ido à direção correta.
O que acontece é que quando almejamos um objetivo de forma emocional não conseguimos racionalizar e nem prever resultados com clareza (sejam eles bons ou ruins), isso é o que chamamos empiricamente de “ver a situação de fora”. Mas tudo isso é feito de forma técnica, por meio de cálculos, observação, análise de desempenho, resultados, são tantas variáveis que fica difícil para que a própria pessoa tenha uma visão tão abrangente daquilo que está acontecendo.
Além disso, ainda temos os fatores psicológicos envolvidos em um jogo que conforme Pujals e Vieira (2002) podem ser apresentados como emoções positivas como: bom humor, alegria, descontração, interesse em melhorar o rendimento e esperança; ou emoções negativas como: ansiedade, raiva, agressividade, baixa autoconfiança, falta de motivação, insegurança, sentimento de fracasso, pessimismo e instabilidade do grupo;
Mas qual a influência dos fatores psicológicos no desempenho do atleta? A resposta sucinta seria a diferença entre o sucesso e o fracasso. Para Montiel e Bartholomeu (2010) a ação psicoterapêutica é indispensável na preparação de qualquer atleta, caso não haja essa preocupação podem haver reações emocionais nos atletas e uma persistência ineficaz de certos comportamentos inadequados afetam de forma drástica o desempenho psicofisiológico que por consequência prejudica o desempenho dos atletas.
O Coach então deve estar ciente que além de um instrutor técnico ele irá encarar problemas que vão além da ordem técnica de um treino específico. Para ter sucesso o trabalho deve ser tratado de forma interdisciplinar e negligenciar o fator psicológico pode, além de trazer o insucesso do profissional que está sendo treinado, causar danos irreversíveis de trato psicológico como os já descritos acima.
Sendo assim o Coach pode trabalhar com o psicólogo de duas formas iniciais: Encaminhamento à psicoterapia ou aconselhamento psicoterapêutico na elaboração dos projetos e treinos dos atletas. Além disso, por lidar diretamente com o atleta, o Coach também fica sujeito às mesmas pressões e reações psicológicas que os atletas sofrem e por isso também devem fazer acompanhamento psicológico para que não seja prejudicado seja técnica ou emocionalmente.
Por isso, o Coach responsável, ou seja, aquele que está realmente preocupado não só com o desempenho técnico, mas com o desenvolvimento pessoal de seus atletas irá sempre trabalhar de forma interdisciplinar e tomando para si o papel social de instruir de forma completa seus atletas. No caso do e-sport temos ainda alguns agravantes como a distância e a falta contínua de contato visual que pode prejudicar a avaliação psicológica destes atletas quando o profissional não tem domínio do conhecimento técnico específico, no caso, o conhecimento da aplicação da psicoterapia.
Referências:
MONTIEL, J. M.; BARTHOLOMEU, D. Práticas Psicoterápicas do Esporte. Revista Brasileira de Psicologia Aplicada ao Esporte e à Motricidade Humana , Vol 2 . Num 1, 2010
Merriam-Webster, Dictionary and Thesaurus, Disponível em: http://www.merriam-webster.com/dictionary/coach . Data de acesso: 22/10/2015
PUJALS, C; VIEIRA, L. F. Análise dos fatores psicológicos que interferem no comportamento dos atletas de futebol de campo. Revista da Educação Física/UEM, v. 13, n. 1, p. 89-97, Maringá, 2002.